domingo, 23 de novembro de 2008

Apresentação & Roteiro

Este blog foi criado como parte de um trabalho da matéria de Fundamentos Biológicos da Obstetrícia. A principio pensávamos em algum trabalho que fosse relacionado com conscientização, que pudéssemos criar algumas campanhas e folhetos explicativos. Mas quando fomos procurar sobre possíveis temas para essa idéia, não achamos que o sistema urinário estivesse relacionado diretamente com prevenção.

Então fomos à procura de outro tipo de apresentação. Começamos a pesquisar e vimos que existem doenças no trato urinário que podem trazer graves complicações para a gravidez. Logo surgiu a idéia de criar um blog para informar as pessoas e principalmente as gestantes sobre as doenças mais freqüentes do sistema urinário durante a gestação, abordando sintomas, desenvolvimento da doença e seu possível tratamento.

Quando o assunto é gravidez, as mudanças que ocorrem no corpo, além de serem fundamentais para o entendimento do processo de desenvolvimento patológico, geram grande curiosidade nas pessoas, de novo, principalmente nas gestantes. Pensando nisso, além de explicar sobre algumas doenças mais comuns que ocorrem no sistema urinário, pensamos também em descrever as principais mudanças que acontecem no corpo da grávida e com isso esse blog possui papel de informar e também de cessar essa curiosidade.

Por Mariana De Gea


Anatomia do Sistema Urinário e Função Renal Durante a Gestação





Na grávida, observa-se um aumento no comprimento dos rins, cerca de 1 centímetro. Além da hipertrofia em si do rim, isso ocorre devido ao aumento da capacidade do sistema coletor e do volume de sangue renal aumentados durante a gestação.





Também é notada uma maior dilatação do ureter direito se comparado com o ureter esquerdo. Tal aumento ureteral se dá pelo fato de que a capacidade do sistema coletor renal dilatado é aumentada. Tanto os hormônios quanto o relaxamento do músculo liso que revestem os ureteres são responsáveis por isto. Estima-se que depois de 12 semanas após o parto tudo volte a condição não gravídica.


Devido ao aumento do útero, que abriga o feto, ocorre uma compressão da bexiga da grávida. Assim, o volume de urina que a bexiga poderia armazenar diminui. É por isso que a grávida muita das vezes tem tanta necessidade de ir ao banheiro.


Como já dissemos, o fluxo sangüíneo renal aumenta. Esse aumento leva a um aumento do débito cardíaco (ml/minuto) e uma diminuição na resistência dos vasos sangüíneos renais, ou seja, os vasos dilatam. Pesquisadores sugerem uma diminuição de 50% da resistência dos vasos renais no fim do primeiro trimestre de gravidez. Propõe-se que as prostaglandinas e a prolactina, que são hormônios, sejam parcialmente responsáveis pela mudança.


Com o aumento do fluxo sangüíneo renal também se observa um aumento da filtração glomerular, ou seja, a taxa de sangue que deve ser filtrada no glomérulo (região dos néfrons - unidades que compõem os rins) aumenta. Para você leitor (a) ter uma idéia, em mulheres não grávidas essa filtração corresponde a 96 ml/min e em grávidas, o valor sobe para 143 ml/min. No entanto, fique tranqüila (o), pois a filtração volta à normalidade logo que o bebê nasce.


O aumento que falamos na taxa de filtração glomerular leva a uma maior quantidade de sódio filtrado pela zona tubular renal (uma região do néfron, aquela estrutura que compõem os rins como já citamos). Tudo isso garante que ocorra uma expansão de espaço extracelular materno e fetal durante o desenvolvimento.


As grávidas também mantêm um balanço normal de água e retêm a capacidade para produzir uma urina concentrada e diluída ao máximo. As modificações da dinâmica do sangue no sistema renal durante a gravidez também produzem alterações na excreção de ácido úrico (que diminui), glicose (glicosúria, ou seja, é normal que se detecte um pouco de glicose na urina da gestante) e aminoácidos (que diminui).




Por Bruna Dias Alonso

Bacteriúria Assintomática


A infecção das vias urinárias causadas por bactérias são as mais comuns da gravidez,pois nesse período ocorrem mudanças fisiológicas significativas que predispõem o aparecimento das infecções que são alterações hormonais e mecânicas

A alteração mecânica acontece da seguinte forma, com a capacidade aumentada do sistema coletor urinário com o esvaziamento lentificado e refluxo coureteral colaborando a proliferação dos microorganismos. Sendo as hormonais provocadas pelo estrógeno que aumenta nessa fase, pois ele reforça o crescimento da E.coli que é a espécie de bactéria que mais provoca infecções .

A freqüência da bacteriúria aumenta com a idade ,atividade sexual e paridade,também tem maior incidência em diabéticas e mulheres que já tiveram um antecedente de infecção urinaria

Os sintomas de infecção incluem dor durante a micção particularmente no seu final, sensação de premência para urinar e micção freqüente .Uma infecção séria do trato urinário pode provocar aparecimento de sangue na urina

A bacteriúria na gravidez é uma predisposição para um pielonefrite aguda que aumenta riscos significativos para mãe e seu bebê .Uma analise feita recentemente apresentou que a bacteriúria assintomática não tratada durante a gravidez aumenta as chances do feto nascer com baixo peso e a gestante ter um parto prematuro

O tratamento satisfatório da bacteriúria na gravidez reduz a chances de 2,9% da mãe apresentar pielonefrite.O tratamento da bacteriúria deve ter a duração mais curta necessária para eficácia

Você poderá ajudar a evitar infecções se não prender a urina .Esvazie sua bexiga assim que sentir necessidade.Não espere muito para ir ao banheiro isso pode levar a uma infecção urinária .Tome muito liquido .Para algumas mulheres esvaziar a bexiga antes de ter relações sexuais ajuda a evitar as infecções

Se você acha que tem um infecção procure ajuda ,se for diagnosticada uma infecção urinária ,tome todos antibióticos prescritos corretamente.

Por Isis Ueda

Cistite Aguda

A cistite aguda é definida pela infecção que compromete a bexiga do sistema urinário, tendo baixa incidência entre as gestantes. Os principais sintomas são a difícil e dolorosa micção, o esforço ineficaz e dolorido ao urinar, desconforto suprapúbico ( região acima do púbis), urina de odor desagradável, presença de eritrócitos ( células vermelhas do sangue) na urina e micção mais freqüente que a cada 3 horas. A cistite aguda pode ter causa bacteriana, viral, fúngica, imune ( alérgica ) e radioterápica. A gravidez também é uma das causas em função da compressão do feto sobre a bexiga, impedindo o total esvaziamento desta que conseqüentemente levará a infecção. A cistite pode evoluir e ir para os rins, causando uma pielonefrite, infecção que pode resultar na extração do órgão. O tratamento médico deverá ser iniciado o quanto antes ao se diagnosticar a cistite.


Indicamos alguns métodos de prevenção:

  • Beba muito líquido- isso ajudará a eliminação de bactérias através da micção, já que haverá uma maior formação de urina.
  • Atenção com a sua higiene pessoal- ao se limpar, passe o papel higiênico sempre da frente para trás evitando assim, que bactérias intestinais das fezes possam penetrem na vagina ou na uretra.
  • No banho, utilize o tradicional “chuveirinho”- ele irá ajudar a fazer uma melhor higiene da região genital.
  • Procure urinar após uma relação sexual- assim você favorecerá a eliminação de bactérias que tenham penetrado na uretra e na bexiga durante o ato sexual.

Por Bianca Moraes

Insuficiência Renal Aguda na Gestação

A insuficiência renal aguda (IRA) é caracterizada por disfunções no controle do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico, e principalmente pela diminuição da filtração glomerular. Também podem ocorrer alterações hormonais, como a deficiência de eritropoetina e de vitamina D.

Na gestação ocorre um aumento de aproximadamente 50% do ritmo de filtração glomerular por volta do segundo mês e a creatinina na gestação normal está entre 0,6 e 0,7 mg%. Devido esse aumento de filtração glomerular, elevações aparentemente pequenas de creatinina, em gestantes, indicam quedas substanciais na filtração renal.

A insuficiência renal aguda associada a gravidez é mais freqüente no primeiro trimestre, geralmente associada a sangramento por aborto espontâneo ou séptico e, no final da gravidez, decorrente de complicações como perda sanguínea por placenta prévia, descolamento prematuro de placenta e por diminuição da superfície de filtração glomerular, como nos casos de pré-eclampsia e eclampsia.

Em geral, essas lesões renais são francamente reversíveis e de bom prognóstico, com exceção de necrose cortical renal bilateral. O prognóstico dessa necrose depende do percentual de glomérulos lesados, mas normalmente, há uma proteção dos néfrons justaglomerulares (mais profundos), que podem se hipertrofiar e substituir parcialmente a função dos néfrons perdidos.

Em casos de pacientes em oligúria (diminuição da urina excretada) é necessário fazer um diagnóstico diferencial para constatar se essa redução do volume urinário, com conseqüente queda do ritmo de filtração glomerular e aumento de creatinina plasmática, correspondem a insuficiência renal do tipo pré-renal, renal ou pós-renal.

  • Causas pré-renais: redução de fluxo plasmático renal após a redução volêmica por perda sanguínea, hiperemese gravídica (ocorrência de náusea e vômito extremamente graves que causam desidratação e grande debilidade e fraqueza), diarréias, hemorragias e, em particular, insuficiência cardíaca e choque;
  • Causas renais: pré-eclampsia, eclampsia e síndrome HELLP que são apresentações do mesmo processo básico de doença quanto à hemodinâmica da paciente, ao fluxo plasmático renal e à anátomo-patologia renal, ou seja, ocorre a endoteliose que diminui a filtração glomerular resultando em aumento da creatinina, sobrecarga ventricular esquerda, proteinúria e edema, porém, raramente, requer tratamento dialítico.
  • Causas pós-renais: ligadura do ureter durante cesárea, onde há anúria total (supressão ou diminuição da secreção urinária). Quando a ligadura do ureter é unilateral, o volume urinário se mantém e o quadro clínico só se manifesta por complicação da hidronefrose (acumulação de urina na pelve renal, formando um quisto pela distensão e atrofia do órgão) a exemplo da pionefrose (affecção purulenta do bacinete e do próprio rim). Uma simples ultra-sonografia de rins e vias urinárias pode auxiliar o diagnóstico. Entretanto é necessário para um prognóstico correto, é necessário atentar-se para o fato de que na gestação normal há uma extrema dilatação pielo-ureteral que se inicia em torno do segundo mês de gestação e que só desaparece de dois a três meses após o parto

Outra causa de insuficiência renal aguda é o abortamento séptico que ainda é uma causa freqüente de quadros dramáticos que acaba se complicando com a insuficiência renal aguda.

A IRA pode também se manifestar após o parto na forma de insuficiência renal idiopática pós-parto, uma forma rapidamente progressiva. Ocorre logo após a gestação ou algumas semanas após em gestantes aparentemente normais.

Tratamento:
Costuma-se indicar diálise quando o nível de creatinina está acima de 3 mg% e não há indícios de melhora a curto prazo. A diálise pode ser do tipo peritoneal intermitente ou peritoneal do tipo ambulatório contínuo, com colocação cirúrgica do cateter.

A hemodiálise pode também ser realizada, de preferência sem uso de heparina, com uso de banhos de bicarbonato de sódio, para prevenção de fenômenos hipotensivos, com cuidado na prevenção de distúrbios eletrolíticos.

A indicação de tratamento dialítico deve ser particularmente mais precoce durante a gestação.

Quando a insuficiência renal tem causa associada à gestação, como na pré-eclampsia e síndrome HELLP a realização do parto é o melhor tratamento. Porém, como se sabe, quando os níveis de uréia estão acima de 60mg% o feto está sob alto risco de morte e se a gestação estiver com menos de 32 semanas, a realização do parto não é adequada. Sendo assim, a indicação de diálise deve ser avaliada. O tratamento dialítico deve ser programado antes do parto.

Por Priscila Tavares

Pielonefrite Aguda

Um grau mais grave de infecção urinária é a Pielonefrite (infecção renal). A Pielonefrite é uma das complicações mais comuns da gravidez e pode agravar lesões renais preexistentes. A gestação facilita a instalação da infecção urinária que pode evoluir para Pielonefrite em 1 a 2% das grávidas que ocorre no 3º trimestre da gestação.

As repercussões funcionais da infecção são grandes, pois na gestação a vasculatura renal tem maior sensibilidade à ação das endotoxinas. Assim, a infecção urinária pode levar a significativas reduções no ritmo de filtração glomerular, sendo o rim direito o mais freqüentemente afetado.

Os sintomas incluem:
  • Micção assíduas;
  • Sensação de ardência durante a micção;
  • Sensação de precisar urinar e quando tenta evacuar não há excreção;
  • Febre alta (40ºC ou acima);
  • Hipotermia (34ºC ou abaixo);
  • Náuseas;
  • Dores lombares (uni ou bilateral);


As pacientes com Pielonefrite Aguda devem ser hospitalizadas e acompanhadas de perto, para a profilaxia do choque e demais conseqüências da liberação da endotoxina. Após a infecção estar debelada as pacientes devem ser acompanhadas com cuidado porque há tendência da infecção da Pielonefrite recidivar, aumentando o risco de abortamento.


Pielonefrite Aguda é a infecção superficial da bexiga, apresenta pouca morbidez e nenhuma mortalidade. É considerada uma das patologias mais séria e comum na complicação da gravidez, sendo que é a principal causa de choque séptico, ou seja, choque devido a uma insuficiência circulatória mais comumente causada por bacteremia. Durante a gravidez, esse choque incluem cerda de 1,3 a 3% das gestantes, e raramente pode ocorrer a Síndrome da Angústia Respiratória no Adulto (SARA). A incidência populacional varia e depende da prevalência da bacteriúria assintomática e se esta foi tratada. Em muitas mulheres, a infecção é causada pelas bactérias que sobem do trato inferior.

Há extensos relatos da associação entre Pielonefrite e o trabalho de parto prematuro, por esse motivo o exame de urina é incluído como rotina nos cuidados pré–natais. Observa-se diminuição significante da resistência vascular sistêmica e aumento do rendimento cardíaco. Dentro do histórico médico consta que 1 a 2% das mulheres com pielonefrite antes do parto desenvolvem graus variáveis de insuficiência respiratória causada pela lesão alveolar induzida pela endotoxina e pelo edema pulmonar.

No sedimento urinário freqüentemente encontram-se muitos leucócitos, em grumos, e numerosas bactérias. É importante salientar que cerca de 15 % das mulheres com pielonefrite aguda também apresentaram bacteriemia.

Tratamento:
O tratamento antimicrobiano nestas mulheres pode ser seguido de aumento na atividade uterina. Isto, provavelmente, é devido à eliminação de endotoxina.

Vários autores relataram que 8% das mulheres com pielonefrite aguda às quais foram dados β-agonistas para tocólise, desenvolveram insuficiência respiratória. Isto está relacionado a:

  • Diminuição da pressão osmótica coloidal plasmática;
  • Lesão da membrana capilar alveolar;
  • Retenção de sódio e líqüido ocasionados pelos β-agonistas.

Quando diagnosticado e há necessidade de internação, o tratamento ocorre com uma cultura de sangue e urina, juntamente com a monitoração freqüente dos sinais vitais incluindo o débito urinário. Além de soro fisiológico é induzido para estabelecer esse débito urinário de pelo menos 30 ml/hora.

É realizado um raio-x de tórax, se há dispnéia ou taquipnéia, avaliações hematológicas e químicas são realizada dentro do prazo de 48 horas, para monitorar a paciente.

A Troca para medicação intravenosa para oral, é estabelecida quando a parturiente apresenta um quadro afebril. A partir desse momento pode-se estabelecer um acompanhamento em casa, quando afebril passa das 24 horas de observação. Considerar terapia antimicrobiana por 7-10 dias.

Novamente uma urinocultura é coletada, após duas semanas completas o tratamento pode seguir com uso da terapia anti-microbiana.

Antio-Bioticoterapia
A Ampicilina associada à gentamicina, cefazolina ou ceftriaxona
mostrou-se efetiva em 95% em estudos randomizados.

Os sintomas clínicos, na maior parte, resolvem-se durante os primeiros dois dias de terapia; mas mesmo que os sintomas diminuam prontamente, muitos autores recomendam terapia num total de 7 a 10 dias.

As culturas de urina comumente tornam-se estéreis nas primeiras 24 horas.
Como as modificações no trato urinário induzidas pela gravidez persistem, preconiza-se a Nitrofurantoína, 100 mg, pelo restante da gravidez

Diagnóstico:

Embora o diagnóstico na maioria das vezes seja evidente, a pielonefrite pode ser confundida com:

  • Trabalho de parto;
  • Apendicite;
  • Mioma infartado e, no puerpério, Metrite (inflamação no útero);
  • Metrite (inflamação no útero).

Por Letícia Ventura